Não percebo o porquê de tanta surpresa. "Vocês nunca leram a Bíblia?", pergunta o meu professor, consternado.
Já estávamos na universidade e aprendíamos sobre Jorge Luis Borges e Eça de Queiroz. Não estávamos à espera de sermos crucificados por não termos lido a Bíblia de uma ponta à outra. "Bom, eu li algumas passagens", dizia um. "Eu também sei certas histórias", explicava outro.
É claro que apanhamos as referências ao filho pródigo que volta a casa, a morte como a repetição do que Caim fez a Abel, perder a força ao cortar o cabelo...tudo isso. Mas não tínhamos, aos 18 e 19 anos, lido a Bíblia como quem lê um romance. Saí com a sensação de que devia, mas não o fiz.