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  • Foto do escritorMagda Cruz

Crónica. "Enquanto vamos andando neste castelo mágico"


Ainda não eram nove e meia e já a música tocava. Eu já tinha ouvido aquela canção, mas custou-me a vir à memória. De repente, estranhamente, fiquei com a respiração acelerada, ao som daquelas acordes.


"Desce, sobe, desce, sobe", dizia a mãe. Em frente ao meu livro aberto e pires com migalhas do um pastel de nata, olhava de soslaio a menina de carrapitos loiros que pedia à mãe para andar na diversão, no pequeno carrossel. No hall de entrada, dois ecrãs enormes. Guerra. Pausa nas bombas. Pessoas libertadas do jugo de outras pessoas. E eu, refém dos lacinhos vermelhos da bebé e da sirene dos seus gritinhos, pensava sobre o que haveriam de pensar as outras pessoas se eu pedisse mais um pastel.


Coço o olho, cansado de estar desperto, e risco a testa com a caneta. Engraçado como todos os dias arranjo maneira de me reinventar e ser mais desastrada do que no dia anterior. A menina dos caracóis amarelinhos também é desajeitada. Metade do seu queque está no colo. Só parte dele tem a sorte de chegar ao destino - para infortúnio da mãe. Ouço que se chama Mikaila e, agora, choraminga. Consegue o que quer. E não é suposto conseguir? É uma joia dourada e sabe que vai brilhar se andar na diversão.



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