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  • Foto do escritorMagda Cruz

Crónica. "Cartas a uma jovem cronista"


Algures em Lisboa,

9 de julho de 2023


Querida Kitty,

Epá, que piada de mau gosto... Não havia qualquer necessidade de chamar Kitty a este diário. Mas confessemos: toda a gente que teve - e manteve - um diário chamou-lhe assim. Pelo menos aquelas pessoas que leram, em tenra idade, “O Diário de Anne Frank” fizeram-no. Ainda há pouco tempo, quando li "O Quarto do Bebé", de Anabela Mota Ribeiro, percebi isto. A própria narradora contava que o seu diário se chamava Kitty.


Mas retomo:


“Querida Kitty,

Tenho medo da mediocridade. Receio ser apenas mais uma pessoa a escrever crónicas. Ou que tenta escrever crónicas.

Posso desabafar? Não tenho um arquivo de textos decente. Facilmente me afasto do que escrevi. Não porque já não me reveja nos temas, mas porque não gosto do estilo com que redigi. Isso é normal? Não imagino o Ricardo Araújo Pereira a ler um dos seus livros de crónicas, anos depois de publicado e de ter rodado milhares de mãos, e a dizer: "Mas que parvalhão escreveu isto?" (Viste? Pus o Ricardo a chamar a si próprio "parvalhão") Permite-me mais umas linhas. Será que os grandes comunicadores de Portugal criticam o seu trabalho? Idealizo que, com o estatuto que têm, a pena escorregue de tal forma entre os dedos que escrevem o texto de uma assentada e nem uma vírgula têm de acrescentar.”


Agora é a altura, Kitty, em que ganhas vida e escreves uma resposta a esta entrada de diário. Eu ajudo-te. Podes dizer algo como:



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